Um pouco de história: RÚSSIA e SUÉCIA seus Reis no séc XVIII
Anibal de Almeida Fernandes, Abril, 2010.
Rússia: A origem do verdadeiro russo é um povo viking, o Rus. Diz a lenda que o príncipe Vladimir, senhor da região de Kievan Rus, mandou seus emissários para encontrar uma fé para seu feudo pagão e eles foram a Constantinopla e na Hagia Sofia se deslumbraram com o cerimonial da Igreja Grega, ao retornarem afirmaram que não sabiam se estavam no céu ou na terra, e a religião grega se estabeleceu na Rússia, pois Vladimir determinou, a partir de 998, que seus súditos fossem batizados no rio Dnieper.
Moscou começou em 1147 como um entreposto comercial criado no entroncamento dos rios Neglinnaya e Moscou, que era conectado às várias terras da região que se estranhavam politicamente. Em 1156 para proteger o local, foi construída uma fortaleza, na colina hoje conhecida como o Kremlin, que ao tempo do Grão Duque Vladimir Yuri Dolgorukiy começou a ser chamada de Moscou e com o tempo torna-se a capital do Grão Ducado de Moscou. Durante 150 anos se sucedem os Grãos Duques: Daniel, Ivan I, o Kalita, Dimitry Donskoy, Pete, Alexiy e Sergio de Radonezh, todos eles originários de Moscou e com a intenção de unificar a Rússia.
No decorrer do século XVI a situação política é conturbada até haver a unificação sob Ivan Vassiliévitch Grozny, (*25/8/1530 +18/3/1584), Ivã IV. o Terrível, da dinastia Rurik, grão-duque de Moscou desde os três anos de idade, foi o 1º governante a utilizar o título de tzar (césar, ou imperador) de todas as Rússias. Ivã estendeu o seu domínio para o oriente, anexando em 1552 o Canato de Kazan e em 1556 o Canato de Astrakhan, para absorver a Sibéria. Estabeleceu relações comerciais com o Ocidente. Ivã IV foi um homem cruel e provavelmente insano mentalmente, mas conseguiu unificar a Rússia, antes dividida em principados independentes. Criou uma força militar própria e conquistou terras até a Sibéria expandindo o território russo até adquirir praticamente os seus contornos atuais. Também se tornou um autocrata, o primeiro de uma série, mas por ter ferido à morte seu filho mais velho e pela misteriosa morte do czarevich Dmitri, não deixou linhagem. Com Ivan IV, o Terrível, Moscou atinge a sua maioridade, pois ele consegue centralizar o governo a partir de meados do século XVI e ao vencer os tártaros do leste, consolida o seu poder como o Czar de todas as Rússias, o que comemora construindo a Catedral de São Basílio que fica à esquerda da Praça Vermelha, tida como um dos mais belos edifícios religiosos da arquitetura ortodoxa que se conhece, para celebrar a vitória russa sobre os canatos de Astracã e Kazan, ela é muito decorada no interior com flores pintadas o que a fazem chamar de Jardim do Éden, as paredes tem 3 m. de espessura e dizem que era usada como o cofre do Czar e dos nobres muito ricos. Há uma lenda que diz que Ivã gostou tanto da catedral que mandou cegar o arquiteto para não fazer mais nenhuma outra igual, em São Petersburgo tem uma parecidíssima.
Quando o czar Ivan IV, o Terrível, morreu em 18/3/1584, com 53 anos, ouve um suspiro geral de alívio no país inteiro. Os súditos do czar pelo menos podiam voltar a dormir sem serem despertados no meio da noite pelos mensageiros da morte de Ivan III, ou terem que suportar o nauseante cheiro dos cadáveres putrefatos, trazido pelo vento que vinha do Rio Moskva, pois o czar impedia que enterrassem depois das execuções coletivas ordenadas por ele.
O único filho que restou dos sete casamentos do czar, o czarevitch Dmitri não durou muito, aparecendo morto em 1591, aos 9 anos de idade. As suspeitas recaíram sobre o genro de Ivan, Boris Godunov, que se apossou do trono como czar em 1598. Com a morte do menino herdeiro encerrou-se a Dinastia dos Rurik. Porém a desconfiança lançada sobre a legitimidade do Czar Boris Godunov fez com que vários pretendentes se apresentassem com ambições ao trono, fazendo com que a Rússia passasse pelo chamado Tempo dos Tumultos (smutnoe vremia), com a invasão dos Lituanos e a sucessão de vários czares conhecidos como os falsos Dimitris (Demétrios) que se estendeu por 15 anos, de 1598 até a ascensão do 1º Romanov, o príncipe Miguel Fedorovitch, que apazigua a Rússia e em 1613 estabelece a Dinastia Romanov.
Miguel Romanov (*12/6/1596 +13/7/1645) foi o 1º tsar da Rússia da Dinastia Romanov. Miguel foi eleito por unanimidade tsar da Rússia por uma assembléia nacional a 21/2/1613 e por 304 anos os Romanov reinaram na Rússia.
Seqüência dos monarcas da Rússia e da Suécia no séc. XVIII.
Seus Reis: a Rússia com seu brasão com a águia bicéfala, olhando seus domínios europeus e asiáticos e a Suécia com o seu leão, são as 2 grandes potencias políticas deste canto do mundo e tiveram no século XVIII, uma conturbada, e rápida, sucessão de monarcas reinantes e em conflito, 9 no caso da Rússia e 6 no caso da Suécia. Os seus 2 grandes líderes Pedro, o Grande Romanov e Carl XII, apenas lutaram entre si, sem nunca se conhecerem pessoalmente, mas, ironicamente, a evolução dinástica de suas Casas ao longo do século XVIII se incumbe de interligar as 2 Casas Reais numa série de parentescos que imprime a consangüinidade em seus monarcas.
Rússia: 9 monarcas durante o século XVIII: Miguel Romanov (*12/6/1596 +13/7/1645) o 1º monarca Romanov. Ele deixa uma herança de poder, riqueza e estabilidade política que é aproveitada por Pedro, o Grande, o grande monarca Romanov.
Com a morte de sua mãe, a Regente Natália Naryshkina, em 1694, Pedro é obrigado a assumir as funções de mando no governo, pois seu irmão, Ivan V, ainda czar apesar das limitações mentais, limitava-se a promulgar as leis que Pedro lhe entregava. Ivan V morre em 1696 e Pedro passa a ser o regente único da Rússia. Em 1722, o senado russo o aclama Czar de todas as Rússias, título que foi reconhecido pela Polônia, Prússia e Suécia. Quando jovem ele se aventura, incógnito, pelos paises europeus para conhecer o que de moderno a Europa pode ensinar para a Rússia, sendo recebido em todas as Cortes européias. Ao assumir o governo sacode o torpor medieval e inicia a marcha para a modernidade da Rússia sempre apoiado na imensa riqueza que vem das fabulosas minas de ouro da Sibéria. Ele funda São Petersburgo em 27/5/1703, que serviu de capital da Rússia por mais de duzentos anos 1713/1728 e 1732/1918 quando deixa de ser a capital. Ele transforma a sociedade aristocrática russa numa requintadíssima corte européia. Com a morte em 1725 de (1) Pedro, o Grande, (1672-1725) instaura-se uma intensa luta pelo poder com 8 monarcas se sucedendo e, alguns deles, apenas com tênues ligações ao sangue Romanov. A sucessão começa com sua mulher (2) Catarina I, seguindo para seu neto (3) Pedro II, seguindo para sua sobrinha (4) Anna Ivanovna, seguindo para seu sobrinho-bisneto (5) Ivan VI Antonovich, Príncipe de Braunscheweig-Luneburg, seguindo para sua filha (6) Yelizaveta Petrovna, seguindo para seu outro neto (7) Pedro III, Príncipe de Golstein-Gottorp (que é da mesma Casa Real dos reis suecos Adolf Friedrich, Gustav III e Gustav IV Adolf), seguindo para a mulher de seu neto Pedro III, (8) Catarina II, a Grande, (1729-1796) Princesa de Anhalt-Zerbst (que é sobrinha de Adolf Friedrich Golstein-Gottorp, prima de Gustav III e prima 2ª de Gustav IV Adolf, com quem ela pretendeu, sem sucesso, casar sua neta predileta Alexandra Pavlovna) Czarina de todas as Rússias de 1762 a 1796 e seguindo para seu bisneto (9) Paulo I. É importante destacar que nesses 100 anos houve 5 monarcas homens e 4 monarcas mulheres, porém as mulheres reinaram 67 anos, ou seja, em 67% do século XVIII a Rússia machista foi governada por mulheres e a maior delas, Catarina II (Anhalt-Zerbst) a Grande, sem nada de sangue Romanov. O último Czar Romanov foi Nicolau II que, a 15/3/1917, em plena revolução, renuncia por si e pelo seu filho Aléxis ao trono Russo, após 304 anos de poder da Dinastia Romanov, (1613-1917). Nicolau a mulher Alexandra e 5 filhos: Alexei, Olga, Tatiana, Maria e Anastácia foram assassinados no porão da casa Ipatiev, em Yekaterinburg a 17/1/1918, por ordem de Lenin.
Suécia: 6 monarcas durante o século XVIII: com a morte sem filhos de (1) Carl XII Pfalz-Zweinbrucken, a sucessão passa para sua irmã (2) Ulrika Eleonora, dela para o marido (3) Frederick Gessen-Kassel, que também morre sem filhos. A Suécia escolhe como monarca o príncipe alemão, (4) Adolf Friedrich Golstein-Gottorp (1710-1771), (que é da mesma Casa Real do pai de Pedro III da Rússia), seguindo para seu filho (5) Gustav III (1746-1792), seguindo para seu neto (6) Gustav IV Adolf (1778-1837). No caso sueco o que chama a atenção é que, nos 100 anos do século XVIII pela falta de herdeiros naturais, houve 3 Casas Reais diferentes governando o país. Sob o furacão napoleônico a Suécia é obrigada a procurar de novo um rei estrangeiro escolhendo o General Bernadotte, como Carlos XIV João, cuja família era de camponeses e casou em 1798 com Desirée Clary, que fora noiva de Napoleão e era irmã da mulher de José Napoleão que foi o rei imposto à Espanha por Napoleão, irmão de José. O atual Rei sueco, Carl XVI Gustav Bernadotte é casado com uma brasileira/alemã, a Rainha Sílvia (Braga) da Suécia, (de mãe brasileira e pai alemão), cuja filha Vitória, futura Rainha da Suécia, levará pela 1ª vez o sangue brasileiro para uma monarquia escandinava.