CANADÁ


ANIBAL DE ALMEIDA FERNANDES, 22 de JULHO, 2009.


A terra.


A primeira questão impactante é que, ao se entender a extensão territorial do Canadá (é o 2º pais do mundo, com 9.970.610 km2, e com apenas 34 milhões de hab.) e seus recursos, o brasileiro sofre um abalo em suas convicções de Brasil o país do futuro.


Na última era do gelo entre as montanhas rochosas no oeste banhado pelo Pacífico (formadas há 80/50 milhões de anos e com 30 picos com mais de 3.000 m. e neves eternas, o maior é o monte Robinson com 3.954 m.) e o escudo canadense (com 1 bilhão de anos) que recorta todo o leste banhado pelo Atlântico (é esse escudo que forma o degrau de 57 m. de Niagara Falls que recebe as águas represadas nos grandes lagos conduzidas pelo rio São Lourenço, o passeio com o barco Maid of the Mist é obrigatório) tudo isso formado pela movimentação das placas tectônicas que transformaram o Canadá em um prato de sopa que tem 1 milhão de lagos que, juntos com os glaciares (atenção: é glaciar não glacial), retem 20% da reserva mundial de água doce, ou seja, na metade do séc XXI quando a água acabar em vários países e valer comercialmente como o petróleo de hoje, eles serão os príncipes árabes de hoje em dia.


Alem disso, tem muita areia com petróleo cuja extração é economicamente rentável quando o barril está a US$ 60,00 (a província de Alberta ganhou US$ 14,7 bilhões em 2008, em 2009 talvez US$ 7 bilhões) e eles acabam de descobrir muito petróleo na extensão territorial do continente canadense que avança sob o mar para o pólo norte.


Alem disso, entre as rochosas e o escudo canadense, se estendem imensas pradarias que produzem milho, trigo, soja, aos milhões de toneladas para o mundo.


Há também a extração da madeira que é uma fonte de renda para o Canadá desde o século XIX.


Os índios.


Começaram a chegar entre 30.000 e 10.000 anos a.C. e atualmente há 1 milhão de índios = 750 mil nativos, 200 mil mestiços e 50 mil de inuits (que significa o povo) ao norte (os conhecidos esquimós, que detestam esse nome que significa comedores de carne crua).


Os índios, tanto no leste onde viviam em grandes casas de madeira recobertas por cascas de árvores, protegidas por paliçadas, pois estavam sempre em guerra entre as tribos (alguns eram aliados dos franceses e outros dos ingleses, a tribo dos iroqueses acaba com a nação dos hurons em 1648, isto é descrito no livro O Último dos Moicanos), o nome Canadá vem do nome iroques para aldeia, como no oeste onde viviam em tendas cobertas com peles e eram nômades sempre atrás do bisão (haidas, salish, trimshan, blackfoot, stoney, kootnay), todas as tribos tem uma cultura que é muito significativa e avançada quando comparada com o que conheço de nossos índios do Amazonas, pois as tribos têm xamãns que interagem em 3 aspectos na sociedade tribal:


1) o xamãn da alma que cuida do aspecto psicológico da tribo e quando há um membro com problema ele é analisado em sessões e, dependendo do resultado, os membros da família são convocados para ajudar e até mesmo a aldeia inteira é convocada para ajudar na recuperação deste membro, tudo isso séculos antes de Freud.


2) o xamãn do corpo que cuida da saúde e tem profundos conhecimentos sobre a flora e usa ervas para cada sintoma de doença.


3) o xamãn espiritual que se comunica com os deuses e dá suporte religioso para a tribo, fazendo exorcismos para espantar os espíritos malígnos.


No oeste as tribos esculpiam os totens em cedro, com figuras de animal (corvo, águia, urso, marmota, castor, serpente, salmão, esquilo, etc, pois eles crêem que os animais e os homens se incorporam/interagem entre si) que tem um profundo significado de registro social relatando em 3 aspectos/fatos/história:


da aldeia


da família


do indivíduo, o herói da aldeia.


No hotel Coast Palace em Vancouver, o garçom da manhã era um índio puro da tribo salish cujo brasão de sua família era um salmão sobre 2 cabeças de serpente, ele me contou que uma vez por ano volta á aldeia para se renovar na cultura e tradição da tribo, que ainda caça o salmão, pois a tribo tem direito assegurado pela constituição uma vez que faz isso há séculos para sua subsistência.


Para a tribo dos haidas a vida humana foi insuflada pelo corvo (animal astuto e sábio) em um marisco.


A sociedade.


O Canadá é visitado pelos europeus em 992 com o vikings de Leif e depois com os de Thorfin em 1003, que comercializam peles com os índios, mas abandonam a terra.


Os ingleses chegam em 1497, eles fundam a Hudson Bay Company, criada pelo rei inglês Carlos 2º em 1670, para colonizar a região que existe até hoje (é a famosa loja de departamentos The Bay).


Os franceses chegam em 1534 e fundam Quebec em 1608.


O país é multiétnico e os chineses e indianos são os que mais se destacam nas cidades, há muito pouco judeu.


As grandes famílias canadenses em poder e dinheiro tanto francesas (leste) e inglesas (oeste e Toronto) mantém-se discretamente em suas esferas de influencia e detém nas mãos grandes fortunas.


A constituição permite que os imigrantes se mantenham com suas tradições e costumes em guetos sociais mesmo que sejam retrógados e desumanos o que, a meu ver, a médio e longo prazo será um grande motivo de confrontação social para o pais.


Perto de Ottawa os muçulmanos construíram uma enorme mesquita com a subvenção de 2 milhões de dólares C$ do governo e, após o 11 de setembro de 2001, fizeram um altar para homenagear os responsáveis pelos ataques aos USA suscitando uma celeuma na imprensa.


A idéia de um país bilíngüe é irreal, pois só se fala francês na província de Quebec a maior e mais populosa do Canadá (cuja capital Quebec é encantadora, pois parou no tempo e é fechadíssima a qualquer estrangeiro, até lixeiro é quebecois e só fala um francês do século XVII difícil de entender pela rapidez e formação da frase, até para os franceses como me confirmou uma parisiense de Versalhes que encontrei em Banf), Quebec tem bandeira própria e quer se separar do Canadá, achando que sobreviverá com a venda da energia elétrica, produzida em seus lagos para os USA, tudo isso é uma grande e pretensiosa besteira e mais cedo ou mais tarde terá que mudar, pois a província de Quebec está em decadência e Montreal, que era a grande cidade canadense conhecida no mundo inteiro já foi superada por Toronto, a maior cidade canadense com 5 milhões de habitantes que se expressam em cem diferentes línguas e dialetos e Vancouver, ambas da área inglesa. Essas 3 cidades são a maiores do Canadá.


A arquitetura.


É de tirar o fôlego, tanto em Toronto, cheio de enormes prédios em construção, onde vários arquitetos deixaram sua marca de arrojo: Frank Gehry (que nasceu lá), Norman Foster, Daniel Libeskind e Will Alsop, como em Vancouver, brilham prédios portentosos de mais de 50 andares.


Em Toronto um deles usou 67 kg de ouro para recobrir as esquadrias e brilha ao sol como uma pepita de ouro e em Vancouver um chinês comprou os terrenos deteriorados no antigo porto por 500 milhões de US$ e construiu prédios monumentais, lá é onde fica o Canadá Center onde assisti no 1º de julho o dia do Canadá com desfile de chineses, indianos, italianos (Ferraris e Lamborghinis), portugueses (dançando o vira) e até canadenses, uma festa alegre e com uns fogos de artifício decepcionantes no fim.


Destaque: em Toronto é obrigatório visitar o centro comercial Bell Corporation Entreprises Place, na 181 Bay street, cuja estrutura foi desenhada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava em 1992 (até um prédio histórico, o Heritage Building, de 1845, foi incorporado), é formidável e impactante, com sua estrutura metálica branca de forma orgânica com vidros, que lembra um esqueleto de dinossauro ou uma exótica igreja gótica, com lojas modernas e o restaurante Richtree que é um acontecimento à parte com seu conceito de mercado de comida, com restaurantes de vários estilos freqüentados pelos moradores de Toronto todos alegres e esfuziantes na sua diversidade racial, foi um dos pontos altos da cidade, até a decoração do banheiro é simpaticíssima. Toronto tem 25 quilômetros de galerias subterrâneas interligadas ao metrô que são muito usadas no rigoroso inverno que chega a menos 20º graus.


Quando voltei para São Paulo e andei pela Av. Paulista, me senti um mísero aldeão perto do que vi em Vancouver e Toronto e a Rua Augusta uma viela de subúrbio perto da Bloor str., em Toronto, com lojas Chanel e Tiffany's que equivale à Quinta Avenida de Nova York ou à Rodeo Drive em Los Angeles e a noite de 6º feira 3/07/09 na Robson´str. em Vancouver e das lojas que ficavam perto do meu hotel Saint Regis (um prédio tombado de 1903 restaurado por 11 milhões de US$ com apenas 60 quartos e com serviço feito por canadenses 1 deles, Jeffrey, esteve em 3 carnavais no Rio e fala português, super bem localizado, vale a pena ficar nele, fica na Dunsmuir Str. com Seymour str. atrás dele está a loja The Bay e na rua a loja Reinfrew que é chiquérima, as bolsas em liquidação eram de 1.500 dólares C$).


O óbvio.


Montanhas rochosas onde as cidades de Banf e Whistler são obrigatórias e também todos os passeios que fazem parte dos roteiros (Toronto, Ottawa [é a capital do Canadá e a pronúncia correta é ôtáua], Quebec, Montreal, Vancouver, Vitória [uma agradável cidade], Jasper, Kamloops, Kelowna) com os seguintes destaques:


Lake Louise: um cartão postal (o azul deste lago e os verdes em vários tons dos demais lagos são conseqüências dos sais minerais que as águas do degelo trazem das montanhas para os lagos, é muito bonito); o hotel é enorme e simpático;


Maligne Canyon: é uma formação natural de bela visão (com 50 m. de profundidade e uma seqüência de pontes que tiram o fôlego para descer/subir, as 2 primeiras pontes tem os melhores vistas);


Butchart gardens: Ilha Vitória é muito bonito e de bom gosto, (pertence a uma família inglesa riquíssima); é visitado por 1 milhão de pessoas/ano;



Ponte suspensa do Capilano: Vancouver balança com o vento e com os demais turistas, é aflitivo, (e mais as 7 pontes nas árvores, É OBRIGATÓRIO ANDAR);




Museu da civilização em Gatineau, que fica em frente de Ottawa, (arq. Cardinal, com uma belíssima arquitetura e num ponto magnífico para se ver a cidade de Ottawa), tem uma impressionante floresta de totens;


Biodome em Montreal (com perfeita representação de uma floresta tropical, tem até micos leões dourados);


Niagara on the lake, uma bela cidadezinha de sonho com um sorvete delicioso de baunilha, tem um lindo pequeno hotel puramente inglês o Prince of Wales de 1864; lugar ideal para se viver na velhice.


Andar no glaciar Columbia; a chegada em estranhos carros especiais dá um clima de aventura (estava a 7º graus e uma pequena nevada com um tremendo vento, é o maior glaciar com 325 km2 e o mais espesso com 365 m. de profundidade, é o único de onde saem 3 rios para 3 oceanos: um para o atlântico, outro para o pacifico e o 3º para o pólo norte);


Para os triatletas fazer a trilha Hemlock Bluff: é uma trilha desafio onde se precisa de muito cuidado, pois é muito mal sinalizada e pode-se perder, e os ursos estão por perto, alem do perigo do caminho quando contorna o rio lá embaixo (no parque Algonquin, são 3,5 km. de teste de resistência no meio de uma floresta laurentina contornando o lago Jake, pode aparecer urso e alce, Zézé viu um alce).


Trajeto no ferry boat de Vitória para Vancouver, com um cortejo de 15 a 20 orcas que se exibiam despudoradamente para as fotos saltando e mostrando a barriga branca que brilha no sol.


Ottawa, o restaurante Mama Vitória (é premiado, foi o melhor escargot que comi na viagem e a pizza é saborosa);


Quebec, o restaurante Le lapin sauté (na rua Le Petit Champlain);charmoso e com um creme brûlé magnífico.


Montreal, jantar no restaurante giratório da torre vendo o por do sol às 21,00 h. (comi um escargot razoável); a torre é visitada por 2 milhões de pessoas/ano;


Alaska


O navio.


Serenade of the Seas, cabine # 8138: o navio é enorme, tem 90.090 toneladas, 293 m. de comprimento por 32 m. de largura, 9 elevadores com 13 decks, com 45 m. de altura acima do nível e 8 m. de calado abaixo do nível do mar, viaja a até 24 nós com 90.000 cavalos de força.


2 lugares em destaque: a parte externa do restaurante Windjammer na popa do 11º deck lugar ideal para ver as saídas das cidades e lugares com as gaivotas pousando no peitoril e estar na proa no 5º deck para chegar no glaciar azul, vendo, de perto, os icebergs baterem no casco sacudindo o barco e fazendo barulho, alguns icebergs tem focas dormindo ou brincando que nos olham amigavelmente e orcas circulam perto do barco.


Havia 2.536 passageiros de todas as raças e cores possíveis que são um espetáculo à parte com 50% de chineses e grupos de quebecois e os folclóricos americanos do centro oeste e alguns texanos de chapéu dançando animadamente em grupo no centro do 4º deck.


Entre os empregados (870) não há americanos são principalmente malaios, turcos, indianos, franceses, 1 brasileiro de Fortaleza e muita gente do leste europeu, incluindo o comandante e os oficiais graduados.


A decoração é no terrível estilo kitsh retumbante, os shows foram melhores do que eu esperava e Shevon uma cantora negra e gorda, tem uma voz muito boa começou cantando gospel em igreja.


Destaques.


Icy Point: o passeio para ver as baleias com a sorte de aparecerem 8 baleias hunchback que acompanharam por muito tempo o barco num balé sincronizado mergulhando ao mesmo tempo para se alimentar e batendo as enormes caudas em V, vimos uma ilha cheia de leões marinhos.


Endicott Arm fiorde > glaciar azul: o barco vai por um fiorde majestoso com montanhas com neve eterna por mais de 1,30 h. de percurso até parar em frente ao glaciar que brilha ao sol em vários tons de azul, vimos alguns pedaços do glaciar caindo e formando icebergs, pois a temperatura estava em 24º!!!


Skagway (terra onde sopra o vento norte): foi a 1ª cidade do Alaska com 3.117 hab. em 1900, hoje tem 850 hab.


100.000 homens e mulheres chegaram a partir de 1898, porem apenas 40.000 atingiram os campos de ouro no Klondike, desses só 4.000 encontraram ouro e apenas poucas centenas ficaram ricos.


O passeio pelo trem White Pass (pico com 873 m.) em estrada de bitola estreita e que foi construída por 35.000 homens (35 morreram) em 1897 custou 10 milhões de US$, entre julho e novembro de 1898 trouxe 10 milhões de US$ para Seatle e São Francisco.


Em 1900, foram 38 milhões de US$ que é o recorde mundial para garimpagem de ouro.


As paisagens são magníficas, vales profundos com rios verdes no fundo, montanhas majestosas com neves eternas, um enorme glaciar. É uma verdadeira montanha rochosa canadense concentrada no Alaska.


Juneau: finalmente consegui realizar uma fantasia de infância e entrei no túnel de uma mina de ouro, é asfixiante, claustrofóbico e perigoso, não dá para imaginar centenas de homens trabalhando nos 14 níveis de profundidade de túneis, quase sem ventilação e com explosões de pólvora no inicio, e de dinamite depois, e com água escorrendo do teto em cima da gente dando uma umidade e frio de catacumba. A extração de ouro fechou em 1982. O motorista do tour, Terence, era um jovem mórmon de Utah que foi 2 anos missionário em Cabo Verde e fala português e mantém contato com outros mórmons que estão em missão no Brasil e falam português.


 CANADÁ > 12/6/09 ATÉ 4/7/09


ALASKA > 4/7/09 ATÉ 11/7/09 > SERENADE of the SEAS


 VIAGEM INDICADA PARA QUEM GOSTA DE VER A NATUREZA
















 
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Genealogia e Historia = Autor Anibal de Almeida Fernandes