Cavagliere Francesco Antonio Barra, foi um dos expoentes do alto comércio paulista no séc. XIX e tinha atribuições diplomáticas do governo italiano em São Paulo, ele foi um dos fundadores do hospital Umberto Primo, do qual foi presidente. Seu nome [Francesco Antonio Barra], figura em anúncio do Correio Paulistano (19 de janeiro de 1878, p.3) entre os italianos de destaque que convidavam os patrícios residentes na Capital para assistir à missa solene oficiada pela perda do Rei Vítor Manuel II.


O Cavagliere Francesco Antonio Barra, nascido em Torraca, Itália, era Cavaleiro da Ordem de São Maurício e São Lázaro, Real Ordem de Mérito da Casa de Savóia.


A Ordem de São Lázaro, por bula papal, passou à Casa Real de Savóia, unindo-se à de São Maurício, formando a atual Religiosa e Militar Ordem de São Maurício e São Lázaro. A legislação dos reinos poderia considerar nobilitado quem, até então não sendo nobre, fosse admitido em Ordens específicas, como, por exemplo, é o caso da de São Maurício e São Lázaro, da Itália. Conforme a legislação de cada país, cavaleiros nobilitados poderiam transmitir esta condição por hereditariedade.  


O Cavagliere Francesco Antonio Barra é tio 3ºavô de Maria José Giordano Del Grande e é tio 4ºavô de Ana Tereza e é tio 5ºavô de Enrico. Seu filho Nicolino, Barão Barra, é primo em 3ºgrau de Maria José, é primo em 4ºgrau de Ana Teresa e primo em 5ºgrau de Enrico.


O parentesco se faz porque o Cavagliere é c.c. Emília Bifano,  [pais de Nicolino, Barão Barra pelo Governo Italiano, primo irmão de Angela Maria, 2ªavó de Maria José], que é irmã de  Camila Bifano [4ªavó de Maria José] c.c. Domenico Falci que são os pais de Angela Maria Falci c.c. Vincenzo Giordano, 3ºs avós de Maria José, 4ºs avós da Teca, 5ºs avós do Enrico.


Conforme o Testamento do Cavagliere Francesco Antonio Barra publicado no Estadão, [3/5/1889], coletado por Claudio di Giorgio, foi contemplado no testamento o casal Angela Maria Falci e Vincenzo Giordano, com 600.000 reis.



Hospital Umberto Primo 


Folha de São Paulo, Cotidiano, informa a 18/2/11:


A construção do hospital Umberto Primo foi financiada por membros de prestígio da comunidade italiana sendo inaugurado em 1904. As obras foram bancadas com doações de famílias italianas instaladas em São Paulo. A maior doação foi do conde Francisco Matarazzo, que financiou as obras dos dois primeiros anexos, batizados respectivamente de Casa de Saúde Francisco Matarazzo e Casa de Saúde Ermelino Matarazzo. O complexo de cerca de 27.000 m2 com dez prédios projetados pelo italiano Giulio Micheli fica entre as ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva, Pamplona e a alameda Rio Claro; o hospital foi ampliado com investimentos da família Matarazzo para um total de 36.000 m2. Os primeiros estudantes da Faculdade de Medicina de São Paulo estagiaram nos seus ambulatórios e suas salas cirúrgicas. Durante os anos 50, a maternidade Condessa Filomena Matarazzo foi um dos principais centros de nascimento dos paulistanos. 


Società Italiana di Beneficenza foi a entidade mantenedora do Hospital Matarazzo – Umberto I desde sua criação até 1986. Esta associação beneficente foi constituída em 1878, há muito pouco tempo do início da imigração italiana na cidade de São Paulo e também há apenas oito anos da data que simboliza a unificação italiana.


Na qualidade de presidente da Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo, em 1881, Francesco Antonio Barra adquiriu um terreno para construção do hospital, hoje na esquina da Rua Major Diogo e São Domingos, no Bairro do Bexiga, que abrigava uma população basicamente de negros e de imigrantes. Em junho de 1885 foi lançada a pedra fundamental e a construção foi concluída em 1892, o hospital da comunidade no bairro do Bexiga (Bela Vista), o que resultaria, nos anos de 1890, na construção do prédio a seguir transformado na antiga Escola Estadual Maria José (antiga Z8 200-090), situada na Rua Major Diogo, n°.200


A comunidade italiana mobilizava-se para a viabilização da construção de um novo hospital, destacam-se Rodolfo Crespi, Egidio Pinotti-Gamba, Emídio Falchi e o Conde Matarazzo. Um terceiro terreno foi comprado (primeira escritura datada de 1902) nas proximidades da Avenida Paulista e lá se inaugurou, em 14 de agosto de 1904, o novo hospital. Neste mesmo ano a Società altera seus estatutos tomando uma nova denominação: Società Italiana di Beneficenza in San Paolo, Ospedale Umberto I. Em seu primeiro ano de funcionamento o Ospedale Umberto I registrou a internação de 710 doentes, sendo 85 pensionistas e 626 indigentes, no ambulatório foram realizadas cerca de 6 956 consultas médicas.


Sob o slogan “A saúde dos ricos para os pobres”, o complexo teve seu apogeu e decadência no século XX. Em 1943, foi inaugurada a Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, criada especialmente para o parto da filha do conde Matarazzo. Na década de 1950, o hospital Umberto I chegou a ter 500 leitos. Nos anos 1970, passou a ser considerado como referência na formação de médicos. O complexo firmou convênio com o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). A maternidade chegou a ser considerada a melhor da América do Sul. Durante muito tempo foi o complexo hospitalar foi o único que atendia o Sistema Único de Saúde (SUS). O complexo hospitalar cresceu ao longo do século XX, incorporando novas alas e serviços e foi tombado em 1986 pelo CONDEPHAAT como um bem cultural de interesse tanto histórico quanto arquitetônico para a cidade de São Paulo.


Cronologia:


Prédio original do Hospital Humberto I (pavilhão administrativo), 1904


Casa de Saúde Francisco Matarazzo, 1915


Capela, 1922


Casa de Saúde Ermelino Matarazzo, 1925


Cozinha, Lavanderia e Refeitório, 1929


Residência das irmãs, Ambulatórios e Enfermarias, anterior a 1930


Clínica Pediátrica Amélia de Camilis, 1935


Pavilhão Vitório Emanuele III, 1937


Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, 1943


Prédio Hospitalar (ampliação), 1974.


Tombamento de alguns prédios, 1974


Encerramento das atividades hospitalares, 1993 




Construção do Palacete na rua da Liberdade


No Arquivo Histórico Municipal Washington Luís sobrevive até hoje um pedido de alinhamento relacionado com a ereção do sobrado do Cavaliere:


Illmos Exmos Snr.s Presidente e Vereadores da Camara Municipal da Capital Diz Francisco Antonio Barra que desejando faser o calçamento em frente do predio que constroe na Rua da Liberdade pede a V.V. E.Exas. que determinem que lhe seja dado o conveniente nivellamento por cuja graça E R Mce. [encarecidamente roga mercê] São Paulo, 14 de abril de 1879 [Obras Particulares, 1879-1881, v. 020, folha 33] 


Bem mais importante que esse documento, porém, é o lançamento do auto de alinhamento que encontramos em outra coleção conservada no Arquivo:


Livro de lançamentos dos autos de alinhamento, 1877-1880, v. 0376, folha 94:


Francisco Antonio Barra Aos vinte nove de Outubro de mil oitocentos e setenta e oito nesta Imperial Cidade de Sam Paulo em a Rua da Liberdade comparecerão os empregados da Camara Municipal para dar alinhamento ao terreno de Francisco Antonio Barra que pretende edificar como allega em sua petição com despacho de 24 do corrente mes. E procedendo ao dito alinhamento alinharão 25m,70 de frente para a Rua da Liberdade, dividindo pelo lado direito com João Augusto de Moraes, e a esquerda com a propriedade que foi do Doutor Getulio; ficando no alinhamento das casas que ficão do mesmo lado, cujo alinhamento foi dado com a presença do Senhor Vereador Doutor João Alvares de Siqueira Boeno. E para constar lavrei o presente auto, eu Antonio Joaquim da Costa Guimarães Secretario da Câmara o escrevi. 



Antonio Joq.m da Costa Gs.O fiscal interino Alfredo Augusto Ferreira Braga O Engo. Fernando de Albuquerque Possidonio Jose da Sa.  



Os ornatos de pedra artificial eram vistos então como uma evolução técnica muito positiva, pois substituíam, de maneira mais em conta, os enfeites de cantaria lavrada ou de estuque, estes por vezes modelados in loco por hábeis especialistas. No casarão se misturavam evidentes traços de conservadorismo estilístico (a composição arquitetônica geral, de influência neoclássica), alguns raros elementos construtivos remanescentes dos meados do oitocentismo e indícios de um estilo então recém-chegado na cidade. E era justamente essa característica pouco convencional que, a nosso ver, tornava preciosa a casa de Francesco Barra. Embora contasse com quase cento e trinta anos de idade, a verdade é que o sobrado da Avenida da Liberdade era visto por muitos com uma deliberada indiferença. Nunca apontado como um remanescente digno de interesse da arquitetura do passado, apesar de não haver resistido na cidade outra construção estilisticamente equivalente. Constituía o único exemplar de arquitetura paulistana que ainda conservava certo compromisso com o Neoclassicismo, materializado tanto na forma prismática da construção, quanto no predomínio das paredes lisas e planas, nos vãos rematados com arcos plenos e nas platibandas corridas sem ornatos, às quais se opunha, como um elemento cheio de novidade, indicador de um novo estilo arquitetônico na Capital, o coroamento central, sobrecarregado de decoração pré-fabricada. No alto do frontão se destacavam, como já mencionado, as iniciais do nome do proprietário e de seu título honorífico, a ladear a cruz da insígnia correspondente ao grau de cavaleiro da Ordem de São Maurício e São Lázaro, Real Ordem de Mérito da Casa de Savóia, ostensivamente exibida pelo morador.  


O Cavagliere Francesco Antonio Barra residia em um belíssimo palacete construído na Av. Liberdade, do nº 340 a 360, São Paulo, (que existe até os dias de hoje), tendo um frontão com as iniciais BCFA (Barra, Cavagliere Francesco Antonio). 



Depois da morte do Cavagliere, no prédio habitou, por toda a vida, o seu filho Nicolino Barraque obteve, mais tarde, do Governo da Itália o título de Barão Barra.


O Barão Barra em 1886, segundo o mesmo almanaque consultado, era dono de uma casa de fazendas na Rua do Ouvidor, n°. 13 (hoje José Bonifácio). Nicolino fez-se notabilizar por suas obras de benemerência; foi proprietário de uma casa bancária no Largo do Tesouro.


Nicolino Barra, (fal. 18/6/1927), Barão Barra, [que é primo-irmão de Angela Maria Falci, 2ªavó de Maria José, e primo 3ºgrau de Maria José]. 


O Barão Barra é nome de rua em São Paulo, onde faleceu cerca de 1929.


Barão Barra foi c.c. Amália Valdemarca, pais de 3 filhos: Paschoalino, Francesco e Emília. 


Autor do resumo acima: Anibal de Almeida Fernandes, Fevereiro 2023, com a Bibliografia que apoia/comprova as informações, acima no texto, produzidas por:


1] Dados e documentos do Cavagliere:


Eudes Campos: Seção Técnica de Estudos e Pesquisas


Agradecemos à arquiteta Sylvia Maria Luz Fré, da Secretaria Municipal de Planejamento, (Sempla), ter cedido gentilmente parte do material usado na redação e na ilustração do presente texto.


2] Dados e documentos do parentesco das Famílias Giordano + Barra:


Maria Eugenia Rogano de Carvalho 



3] WIKPEDIA


 


 


 


 


 

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Genealogia e Historia = Autor Anibal de Almeida Fernandes