EUFRÁSIA TEIXEIRA LEITE e o CONTRAPARENTESCO com a FAMÍLIA AVELLAR e ALMEIDA e a origem de sua fortuna.


 Aníbal de Almeida Fernandes, Agosto, 2010, atualizado, Outubro, 2015,




Busto de Eufrásia Teixeira Leite, (*1850 +1930), no jardim do Hospital construído em 1941 com sua herança, onde há a seguinte inscrição: Grande benemérita da Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, a eterna gratidão do povo de Vassouras.



Óleo de Lawlis Duray, 1887, França – Museu Casa da Hera




Laureano Correa e Castro, barão de Campo Belo, a 2/12/1854, é avô de Eufrásia Teixeira Leite e é sogro de Marcelino José de Avellar e Almeida, tio trisavô de Anibal.

Laureano era dono da fazenda do Secretário em Vassouras, RJ, ele é filho de Pedro Correa e Castro e Mariana das Neves e era c.c. sua sobrinha Eufrásia que é filha de Ana Esméria Correa e Castro (irmã de Laureano) e Cristovão de Andrade (que são os pais do barão de Piabanha).

Laureano, barão de Campo Belo e Eufrásia de Andrade são pais de 2 filhas:

1ª) Francisca de Paula Correa e Castro c.c. Marcelino José de Avellar e Almeida, tio de Eufrásia e tio 3º avô de Anibal (ele é filho de Manoel de Avellar e Almeida, 4º avô de Anibal, Patriarca da Família Avellar e Almeida de Vassouras). Francisca e Marcelino tiveram 7 filhos que são Corrêa e Castro e Avellar e Almeida:

1) Ana Rita, c.c. seu tio, Marcelino de Avellar e Almeida, Barão de Massambará.

2) Carlota Elisa, c.c. seu tio, Bernardino Rodrigues de Avellar, Barão e Visconde de Cananéia (Avellar e Almeida).

3) Maria,

4) Martiniana,

5) Camilo,

6) Mariana,

7) Joana.



BRASÃO da FAMÍLIA AVELLAR e ALMEIDA


Este Brasão foi concedido por Carta de Brasão em 1881, e está registrado no Cartório da Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, Livro II, folhas 9/11, ao Barão de Avellar e Almeida, Decreto de 7/1/1881, cujo título está registrado no Livro X pág. 70 Seção Histórica do Arquivo Nacional. É um título concedido ad personam sul cognome, isto é, dado a uma pessoa específica e apoiado sobre o nome da família do titulado. Esta forma de título só é usada quando o Imperador deseja prestar homenagem também à família, dignificando-lhe o nome. O Brasão tem um pé de café e uma abelha como arma heráldica e pode ser usado pela Família Avellar e Almeida sem o Coronel (coroa) e a comenda, que são exclusivos do Barão e não são hereditários, conforme as leis de heráldica e do Direito Nobiliárquico: Fonte Documental: Mário de Méroe, Estudos sobre o Direito Nobiliário, Centauro Editora, São Paulo, 2000, pgs: 25/26.



2ª) Esméria Correa e Castro c.c. Joaquim José Teixeira Leite, (irmão do Barão de Vassouras e, ambos, filhos do Barão de Itambé), pais de 2 filhas que são Correa e Castro Teixeira Leite:

1) Francisca Bernardina

2) Eufrásia.

Eufrásia (Correa e Castro) Teixeira Leite (*1850 +1930): é bisneta de José Leite Ribeiro e sua mulher Escolástica Maria Corrêa de Morais, ela nunca se casou, foi proprietária da Casa da Hera, Vassouras, RJ, e, mais do que uma mulher lembrada por sua conturbada relação com Joaquim Nabuco, ela foi uma mulher, instruída, independente, dinâmica, muito avançada para o seu tempo, foi para Paris em 1873 onde viveu por mais de 50 anos, residindo depois de 1884 com a irmã em um hôtel particulier de cinco andares, na rue Bassano 40, 8º arrondissement, no Champs Elysées próximo ao Arco do Triunfo, endereço sofisticado até nos dias atuais.


Hôtel particulier, rue Bassano, Paris

Em Paris tinha status de membro da alta sociedade parisiense vestia-se com o famoso costureiro Worth, que é citado por Marcel Proust em sua monumental obra.

Eufrásia tinha um excelente faro para negócios e multiplicou várias vezes a fortuna herdada, como uma bem sucedida home broker do sec. XIX na Bolsa de Paris, (consta ter sido a primeira mulher a entrar no recinto da Bolsa de Valores de Paris). Eufrásia integrou o círculo das amizades mais próximas da Princesa Isabel, quando a princesa foi para o exílio na França. Eufrásia retornou definitivamente para o Brasil em 1928 e passou temporadas na Casa da Hera em Vassouras. Mantinha-se quase como reclusa, tanto que até comprou, em 1924, a chácara do Dr. Calvet, ao lado da chácara da Hera, apenas para manter longe os vizinhos. Viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro em um apartamento em Copacabana, cercada de empregados fiéis, excêntrica e solitária. Queria retornar para Paris, mas tinha problemas renais que a impediram de viajar. Eufrásia morreu solteira em 1930 no Rio de Janeiro, e deixou a imensa fortuna que tinha um valor estimado em 37 bilhões de réis, (portanto 37.000 contos de réis, após a Revolução Russa de 1917 e logo após a Crise de 29 que arrasou as fortunas mundo afora) o que poderia comprar 1.850 quilos de ouro na época. A maior parte eram ações de 297 empresas em dez países diferentes, (Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, USA, Chile, Canadá, Mônaco, Egito, Rússia), além de títulos de dívidas de governos. Partes menores eram a casa em Paris (que na época valia 2 milhões de francos e, atualmente, valeria mais de 10 milhões de euros) e um loteamento de 49 terrenos na atual rua Pompeu Loureiro em plena época de crescimento imobiliário de Copacabana. O menos valioso dos bens imóveis legados foi provavelmente a Casa da Hera, com seus móveis, decoração e utensílios domésticos, avaliada em 96:700$000 (noventa e seis contos e setecentos mil réis), cuja área tinha sido aumentada com a compra da chácara do Dr. Calvet, avaliada em 44:050$000 (quarenta e quatro contos e cinquenta mil réis).

Conto de réis é uma expressão adotada no Brasil e em Portugal para indicar um milhão de réis. Sendo que um conto de réis correspondia a mil vezes a importância de um mil-réis que era a divisionária, grafando-se o conto por Rs 1:000$000.

Em detrimento de sua família Correa e Castro Teixeira Leite, os principais herdeiros de Eufrásia foram a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração e o Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói. Os dois últimos deveriam fundar dois colégios para meninas e meninos pobres, cada um mantendo cinqüenta órfãs e órfãos, e outros estudantes pagantes. O Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói recusou a incumbência e sua parte, conforme o testamento, foi passada para a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras. Em 1941 foi construido um Hospital em Vassouras com sua herança e que tem o seu nome.

O testamento foi contestado judicialmente pelas primas Umbelina Teixeira Leite dos Santos Silva, baronesa de São Geraldo, Cristina Teixeira Leite d’Escragnolle Taunay, viscondessa de Taunay, e Francisca Teixeira Leite Brhuns. A elas juntaram-se outros primos do lado paterno de Eufrásia, representados por advogados que também eram da família Teixeira Leite. 
Os herdeiros da família Teixeira Leite foram judicialmente derrotados pelos inventariantes, os irmãos Antonio José e Raul Fernandes que foi 2 vezes Ministro das Relações Exteriores do Brasil (no o governo de Eurico Gaspar Dutra, 1946-1951 e, novamente, no governo de João Café Filho, 1954-1955). Esses 2 irmãos (primos de Anibal) foram os advogados de Eufrásia em um confronto que durou seis anos.

Em agosto de 1937, quando os herdeiros deserdados da família Teixeira Leite tentaram reabrir o processo judicial de impugnação do testamento, a população de Vassouras revoltou-se, fechou o comércio, cercou o fórum durante as audiências e ameaçou os advogados. Com a sentença favorável a Vassouras a população fez uma grande festa nas ruas.


Origem do dinheiro: O pai de Eufrázia, Joaquim José Teixeira Leite, era advogado e o principal financista de Vassouras e presidente da filial aberta em Vassouras, em 1859, do Banco Commercial e Agrícola, com os 2 irmãos João Evangelista e Francisco José, todos os 3 vindos de Minas em 1820, Joaquim José financiava a aristocracia rural dos fazendeiros de café, pois eles tiveram a visão de sair da plantação do café e, muito ricos, davam créditos aos fazendeiros e também eram comissionários no Rio de Janeiro do café da região de Vasouras/Valença. Tinham uma grande visão empresarial e foram incentivadores da construção da estrada de ferro Pedro II, (chegaram a preparar um projeto para a ferrovia) que impulsionou a economia vassourense para o seu ápice nos anos 50 a 70 do séc. XIX. Eufrásia e sua irmã, herdaram, em 1872, com a morte de seus pais, a fortuna de 767:937$876 réis (767 contos, novecentos e trinta e sete mil, oitocentos e setenta e seis réis), o que equivalia na época à dotação pessoal do imperador D. Pedro II ou a 5% das exportações brasileiras!!!!! Logo depois, em 1873, morreu sua avó, a baronesa de Campo Belo, e as irmãs receberam mais 106:848$886 (cento e seis contos, oitocentos e quarenta e oito mil e oitocentos e oitenta e seis réis) que lhes cabia como parte da herança, na forma de títulos, débito bancário e escravos, que logo foram vendidos. Sua irmã, Francisca Bernardina, tinha uma séria deformação na bacia e morreu em 1899, em Paris, sem ter casado. Assim, Eufrásia herdou também a fortuna da irmã.

 

Notas colhidas, alhures, sobre Eufrázia:

1ª) De forma atípica para os padrões da época, Eufrásia foi criada pelo pai para ser a herdeira e gestora de sua imensa fortuna. Com a morte dele, ela assume os negócios e surpreende a todos com um notável talento para administrar e multiplicar seu patrimônio e ainda garantir sua emancipação econômica em pleno Brasil Imperial. Mas a promessa feita no leito de morte do pai de que nunca iria se casar, sempre lembrada pela irmã, com quem teve uma relação de amor e ódio durante toda a vida, tem um preço alto, condenando seu romance com o rebelde Joaquim Nabuco. O romance de Claudia Lage faz, de modo delicado, mas intenso, uma aposta no poder da literatura. Instrumento frágil e arredio, a literatura se abre, no entanto, como uma chance de liberdade. Arrastados pela grande máquina da História, muitas vezes nos sentimos amputados do que temos de melhor. Nessas horas, só a literatura, com suas fragilidades e lampejos, nos devolve a chance de viver. (sic: José Castello).

2ª) Eufrázia Teixeira Leite e Joaquim Nabuco: Muita lenda em cima dos dois. A verdade é que quando ela conheceu Nabuco, a bordo do navio Chimborazo, retornando da Europa para o Brasil, os pais dela já tinham morrido, e não havia ninguém que pudesse se opor ao casamento dos dois. Quando faleceu o Dr. Joaquim José Teixeira Leite, o irmão, o Barão de Vassouras, chamou as duas sobrinhas, Eufrázia e Francisca, e disse que ele ficava como pai delas, e que elas casariam com dois filhos dele, o que seria uma maneira de controlar a fortuna das duas irmãs. Eufrázia nesta época estava apaixonada por um professor de Vassouras, que era pobre. A irmã não podia casar, porque se engravidasse morreria, pois tinha a bacia fraturada e mancava. Com isto houve um grande atrito com o tio, e as duas se retiram para Paris, onde Eufrázia multiplicou a fortuna, que acabou legando à cidade. O que afastou Eufrázia de Nabuco foi a justa percepção que ela teria que financiar a ele e a campanha política dele. Nabuco muito inteligente era bem nascido também, mas não tinha fortuna pessoal, e era tido como o Mulato mais Bonito do Brasil, mas Eufrázia tinha muito receio de que lhe tirassem a independência e o dinheiro. Nabuco casou com outra herdeira rica e Eufrázia amargou a solidão. Se não fossem os irmãos advogados Raul Fernandes e o Antonico Fernandes, toda sua fortuna de 30.000 contos de réis passaria para o Papa, em Roma, pois o testamento que valeria era um feito em Paris, que beneficiava o Papa e a umas freiras. (sic: BLOG=KAJKIAN de Vassouras).

3ª) Eufrásia Teixeira Leite morreu solteira, quem tratou da herança foram os dois irmãos advogados Antonio Fernandes Jr. e o Raul Fernandes, (nome de rua em Vassouras, Deputado Estadual e Federal, Presidente da OAB-Brasil, embaixador na Bélgica, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, foi ministro das Relações Exteriores e, novamente, no governo de João Café Filho). Os dois irmãos foram os inventariantes da fortuna deixada por Eufrásia, Antonio para os bens no Brasil, e Raul para os bens no exterior que, conforme a tradição oral de minha família, se recusou a vender as cartas de Joaquim Nabuco para Eufrásia para o Assis Chateaubriand, que propunha pagar uma fortuna pelas tais cartas, Raul as queimou, como era o desejo expresso de Eufrázia. (Tradição oral).

Fontes pesquisadas para estruturar esse trabalho:

# E o Vale era o escravo, Eduardo Salles, Civilização Brasileira, 2008.

# O Vale do Paraíba e a arquitetura do Café, Augusto C. da Silva Telles, Capivara, 2006.

# Barões e escravos do café Sonia Sant’Anna, 2001, pgs: 35 a 38 e 160.

# Braga, Greenhalg H. Faria, Vassouras de Ontem, Rio de Janeiro, 1975 e De Vassouras, História, Fatos Gente, Rio de Janeiro, 1978.

# Ferreira, Luís Damasceno, História de Valença, Rio de Janeiro, 1925, pg. 79.

# Raposo, Ignácio, História de Vassouras, Niterói, 1978.

#VASSOURAS a Brazilian Coffee County, 1850-1900, StanleyStein, Harvard University, 1957:

retrata de maneira clara e objetiva o começo, formação e início da decadência de Vassouras, quando terminam as matas virgens para derrubar e plantar e a rotina míope dos vassourenses que não adubam ou cuidam de proteger a terra onde plantam; e eu nunca tinha lido sobre a confusão e decadência que causou a implantação da estrada de ferro (D. Pedro II) para as vendas e comércio da estrada de terra (Estrada da Polícia). Também me impressionou a mudança das tropas de mulas (cada uma com 9 arroubas) que custavam 33%!!!!!!!!! do que valia o café para transportá-lo até o Rio e quando chega o trem que facilita tudo e fica rei o carro de boi que carregava 100 arroubas até as estações e derruba o custo do transporte e a perda de café e mulas nos constantes acidentes anteriores e Vassouras fica riquíssima e muito sofisticada no seu modo de vida.

Pgs 17 a 21e 120 > Teixeira Leite família de financistas.

Pg 226 os escravos entre 1857-58 valem 73% do valor da fazenda.

Pg 246 em 1882 o escravo é o que vale nas fazendas, pois tem liquidez e as terras estão exauridas.

Pg 247 as propriedades em 1888 desvalorizam 10 vezes em relação a 1860 e o escravo tem valor zero na composição do valor das fazendas, por conta da Lei Áurea.

Pg 251 estima m 500.000 escravos libertos em maio/1888.

pg 260 estima em 500 mil contos de réis a necessidade de dinheiro.

Pg 293

em 1825 > 1US$ dolar = 1 conto de reis e passa a equivaler em:

1850 > 0,58US$ dólar = 0,58 conto de reis

1900 > 0,19US$ dólar = 0,19 conto de reis

Pg 294 estima em 17.319.556 hab. a população do Brasil em 1900

Pg 295 estima em 1887 > a existência de 637.602 escravos

WIKIPÉDIA: Eufrázia Teixeira Leite


The Bee: Symbol of immortality and resurrection, the bee was chosen so as to link the new dynasty to the very origins of France. Golden bees (in fact, cicadas) were discovered in 1653 in Tournai in the tomb of Childeric I, founder in 457 of the Merovingian dynasty and father of Clovis. They were considered as the oldest emblem of the sovereigns of France.






 

 

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Genealogia e Historia = Autor Anibal de Almeida Fernandes