PORQUE EU FAÇO GENEALOGIA

Aníbal de Almeida Fernandes, Agosto, 2010.

Tenho recebido muitos comentários sobre meu site www.genealogiahistoria.com.br, confesso-lhes que a totalidade com grandes elogios, mas:

a) O comentário de um “genealogista” veio beirando o sarcasmo, pois ele ficou incomodado por eu colocar o meu nome nos trabalhos e indicar, claramente, os meus avós e, em que grau eles são meus avós, ele critica por achar que é propaganda pessoal, o que, para ele, é ridículo e pretensioso. Porem o motivo, técnico, de fazer essas várias indicações é simplesmente para tornar mais compreensível a seqüência das gerações e tornar didático o entendimento de qual é o avô comum entre os interessados naquela seqüência familiar, pois eu constatei na prática, por vários e-mails recebidos, que a maior parte dos interessados não consegue identificar o grau do avô quando a seqüência dos filhos, netos, bisnetos, trinetos, etc, etc, é indicada apenas pelos números: 1., 2.1, 2.3, etc, e 3.1, 3.2 etc, e 4.1. 4.2 etc, etc, etc, porém quando, alem do número está escrito 6º avô; 8º avô, etc, etc o interessado tem um fácil, didático e completo entendimento da seqüência de sua progênie, portanto nada há da alegada pretensão ou ridículo.

b) Outro comentário me critica por eu fazer questão de relacionar os parentescos entre as famílias formando uma teia das ligações familiares, porem é justamente esse fato que me instiga nas pesquisas, sempre objetivando formar um painel de entrelaçamento entre as várias famílias do Império e acabar com esses bunkers pretensiosos de isolar/fechar, o TAL avô titular como se ele fosse algo raro e único e SÓ daquela família, esquecendo-se que havia uma tremenda permeabilidade entre os vários membros da sociedade de poder e dinheiro que, na época do Império, foi agraciada com esses 1.211 títulos de nobreza dados pelos 2 Imperadores a apenas essas 986 pessoas, pertencentes a alguns clãs familiares que eu procuro identificar registrando a avô comum entre os titulares.

Após refletir, cuidadosamente, eu respondo a esses críticos:

Eu comecei minhas pesquisas quando pensamos, minha mulher e eu, em ter um filho em 1975; eu pouco sabia de consistente da minha família, eram histórias esparsas, nomes e apelidos perdidos, numa tradição oral confusa e intermitente, que ponteava aqui e ali com lembranças de fazendas, títulos de nobreza, pessoas que se dispersaram ao longo da vida sem muita conotação com o que eu imaginava que seria uma memória consolidada de família e eu queria/precisava dar para esse meu futuro filho uma raiz/roteiro que conectasse tudo isso e o ajudasse a se reencontrar na seqüência correta, ele precisaria de alguém que recuperasse toda a seqüência para ele e os meus netos, pois passando mais uma geração, a memória se perderia para sempre!!!, algo me instigava a organizar/recolocar tudo aquilo tão fragmentado numa história/roteiro com começo, meio e fim. Para tal empreitada eu tive ajuda valorosa do meu tio Mário e tia Esther que me puseram a par das histórias do passado e me incentivaram a guardá-las e ampliá-las desde o tempo do livro do Arnaldo Arantes sobre a Família Arantes, nos idos de 50, afinal em toda família sempre tem aqueles parentes que são as valiosíssimas fontes primárias. Havia algo que me chamava de dentro de mim para voltar aos que se haviam ido há muito tempo. Eu cheguei ao primo Francisco Klörs Werneck, Cidadão Vassourense em 1984, renomado genealogista desde os anos 40, profícuo pesquisador das paróquias fluminenses com vários trabalhos publicados de suas cuidadosas pesquisas que estruturam as famílias vassourenses, em especial os meus Avellar e Almeida, além disso, um espírita de grande peso, um dos maiores tradutores de Allan Kardec. Tentaram criar uma ponte falsa sobre uma avó para me confundir e que eu só consegui esclarecer graças ao Klörs e as coisas começaram lentamente a se ligar, sempre graças ao Klörs, ao meu também primo, Marcos Vieira da Cunha e ao José Guimarães de Ouro Fino, MG, e eu fui recuperando a estrutura de tudo aquilo que me viera como um puzzle desconexo e consegui recriar, nesses mais de 30 anos, a trama coerente de meu sangue, em suas várias origens que se interligam e fluem num tecido familiar que chega até hoje e me faz conectar com pessoas e entre elas encontrar gente que tem uma afinidade e empatia comigo que mostra a força atemporal do sangue. Meus amigos, a gente nasce com os 2 maiores tesouros que existem: a mente e o coração e o que precisamos para usar esses 2 tesouros são os relacionamentos ao longo de nossa existência que fazem valer a pena viver a aventura da vida, por isso é bom ter amigos.

Meus caros amigos é como que se houvesse um chamado real a nos conduzir do passado de nossa origem para o presente, nos fazendo seguir sempre em frente no fluxo eterno do nosso sangue e de nossa família.

Deixem-se levar.

Forte abraço, Anibal.

Nota: Caio Prado Jr. reconhecia que a monarquia, durante os anos de Império, garantiu a unidade e a estabilidade do Brasil, sempre apoiada na aristocracia rural (Oliveira Vianna) que continha em seus quadros o que havia de mais culto no Brasil e evitou exemplarmente a desordem completa de nossos vizinhos sul-americanos, vivendo sob ditadura ou desenfreada demagogia.

Nota: Meu objetivo principal nas pesquisas que faço é tornar mais clara a interdependência geográfica e as ligações entre as famílias dos Titulares do Império, no século XIX, pois 2 dados se destacam:

1º) o Império começa em 1822 com cerca de 4 milhões de habitantes e termina em 1889 com cerca de 14 milhões de habitantes e nesses 67 anos de Império apenas 986 pessoas receberam 1.211 títulos do Imperador, ou seja, apenas 0,0070% da população do Império o que amplia, em muito, as possibilidades de parentesco e contraparentesco entre esses titulares e clãs familiares daí o cuidado em destacar os avós comuns e dar a teia de parentescos entre os titulares.

2º) quanto ao brasão é muito mais restritivo ainda, pois foram concedidos apenas 239 brasões nesses 67 anos o que significa que, apenas 0,0017% da população do Império foi agraciada pelo Imperador com um brasão e é meritório que as poucas famílias que os tenham, os conheçam.

 
 
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Genealogia e Historia = Autor Anibal de Almeida Fernandes